Nesse artigo contamos um pouco de como o ouro assumiu papel tão importante em nosso sistema financeiro e mostramos algumas formas de se expôr e negociar esse precioso metal.
Sobre o ciclo do ouro no brasil
No início do século 18 a extração de ouro foi a atividade econômica mais importante do Brasil. O ciclo do ouro iniciou quando os bandeirantes encontraram minas do metal nos Estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás.
O primeiro achado de ouro foi denominado de “ouro de aluvião”, por ter sido encontrado nos vales dos rios (vale do rio Doce e do rio das Mortes).
Portugal canalizou por décadas os recursos provenientes do ciclo do ouro, cobrando impostos sobre o metal extraído, como por exemplo o Quinto – uma taxa de 20% do que era retirado das minas; Derrama – uma quota de cerca de 1.500 quilos de ouro anualmente; Capitação – pago pelo Senhor, por cada escravo que trabalhava para ele.
O ciclo do ouro promoveu um crescimento exponencial do fluxo de mercadorias e pessoas nas áreas exploradas, além de um bom desenvolvimento econômico.
O padrão ouro
Do século 19 até a 1ª Guerra Mundial, o Padrão Ouro foi o sistema monetário internacional antes da formação da globalização.
Ele tinha a quantidade de ouro como referência para a definição do valor da moeda de cada país. Esse sistema ganhou estabilidade na década de 1870, sendo utilizado principalmente pela Inglaterra.
O Padrão Ouro tinha como embasamento a teoria quantitativa da moeda, elaborada por David Hume em 1752, e que recebeu o nome de modelo de fluxo de moedas metálicas. A teoria tinha foco nas relações entre moeda e níveis de preço, considerando os fenômenos de inflação e deflação.
No Padrão Ouro, era obrigatório que cada país mantivesse uma parte de seus ativos em forma de ouro, criando reservas financeiras.
O regime cambial era fixo, isso significa que o valor da moeda de cada país era fixado conforme a quantidade de ouro que ele detinha.
Alguns agentes diziam que o Padrão Ouro gerava previsibilidade e estabilidade, sendo um facilitador para o comércio, investimentos, finanças etc.
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Por que e como o padrão ouro acabou
O principal responsável pelo fim do Padrão Ouro foi o cenário econômico devido ao início da 1ª Guerra Mundial, em 1914. Nessa época, as potências econômicas tiveram alta demanda para emitir moeda a fim de custear o conflito.
Em julho de 1944, o sistema financeiro internacional estava destruído. As maiores potências do mundo ainda estavam em guerra, mais preocupadas com avanços bélicos do que econômicos.
A política que ficou conhecida como “beggar-thy-neighbor” (empobreça seu vizinho), disseminada nos anos de 1930 e que primava pelo aumento de tarifas para reduzir déficits na balança de pagamentos, era a cartilha dos governos.
O tratado de Bretton Woods
Ainda em 1944, 730 delegados de 44 países, o Brasil entre eles, encontraram-se na cidade de Bretton Woods, Estado de New Hampshire, nos Estados Unidos, para a Conferência Monetária e Financeira das Nações Unidas.
O objetivo era reconstruir o capitalismo mundial a partir de um sistema de regras que regulasse a política econômica internacional.
O primeiro passo era garantir a estabilidade monetária das nações, definindo que cada país seria obrigado a manter a taxa de câmbio de sua moeda em paridade ao DÓLAR, com margem de manobra de cerca de 1%. A moeda norte-americana, por sua vez, estaria ligada ao valor do ouro em uma base fixa.
Nessa época foram criadas instituições multilaterais encarregadas de acompanhar esse novo sistema financeiro e garantir a liquidez na economia, como por exemplo o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
A conversibilidade Dólar-Ouro foi posta abaixo pelo presidente americano Richard Nixon, em 1971, diante da grande demanda mundial por ouro.
Na medida em que o capitalismo se desenvolvia, a moeda dos Estados Unidos tornava-se o dinheiro hegemônico nas reservas internacionais e a referência de todo o sistema financeiro mundial.
O mercado físico de ouro e os bancos centrais
Os Bancos Centrais são grandes compradores da commodity no Mercado físico como reserva econômica estratégica, garantindo segurança financeira em situações críticas, sejam políticas ou financeiras, além de ajudar a diversificar a poupança dos países.
De acordo com um relatório do Conselho Mundial do Ouro (WGC), os BCs acumularam ouro no ritmo mais rápido já registrado nos primeiros dois meses de 2023.
Em janeiro e fevereiro, os Bancos Centrais compraram coletivamente 125 toneladas líquidas do metal, a maior quantidade para o período acumulado do ano desde que os bancos se tornaram compradores líquidos em 2010.

Os países que relataram as maiores compras nos dois primeiros meses foram Cingapura (51,4 toneladas), Turquia (45,5 toneladas), China (39,8 toneladas), Rússia (31,1 toneladas) e Índia (2,8 toneladas).
Repare que a lista de compradores líquidos é composta por três membros dos países do BRICS.
ETFs lastreados em ouro
2023, após 10 meses consecutivos de saídas, com o preço do metal flertando com um novo recorde. Os investidores adicionaram quase 2 milhões de onças a todos os ETFs de ouro físico conhecidos, tratando-se do maior aumento mensal desde março de 2022.
De acordo com a Bloomberg, em 31 de março de 2023, o total de reservas de ouro era de 93,2 milhões de onças.

Quais são as vantagens do ouro?
- Reserva de valor durável;
- Liquidez internacional;
- Aceito como garantia, com menor grau de deságio para a negociação de outros ativos;
- Alternativa de investimento para épocas de crise financeira.
Principais fundamentos que impactam o preço do ouro
Existem três fatores principais que influenciam os preços do ouro:
- Inflação;
- Taxas de juros globais
- Sentimento dos investidores;
- Oferta e demanda;
Porém, não podemos descartar as implicações geopolíticas como sendo fatores determinantes para as oscilações da commodity. Via de regra, quando o Mercado de câmbio está em turbulência, os preços do metal geralmente sobem.
Acompanhando a oferta e a demanda
Considerando o fato de que a produção de ouro é um indicador de oferta, podemos assim avaliar como os preços provavelmente se moverão no futuro próximo.
O website gold.org é uma excelente fonte de informação sobre a oferta e demanda de ouro de uma maneira agregada e também como os bancos centrais estão se posicionando no ouro.
Posicionamento de especuladores
O mercado de futuros, um tipo de derivativo, é um mercado extremamente líquido e por isso capaz de movimentas o preço do ativo. Por isso, é importante acompanhar também a posição dos especuladores nos contratos futuros do ouro pela CFTC (Commodity Futures Trading Commission)
Como investir em ouro
Você pode investir no ouro comprando o ouro físico, mas de um modo geral essa alternativa é cara pois envolve custos com armazenamento, transporte e segurança.
A forma mais fácil de se investir em ouro é através de ativos financeiros que replicam o movimento do ativo.
Como é feita a cotação do ouro
O ouro é uma commodity global e os pinricpais mercados são a Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) e a Bolsa de Mercadorias de Nova York (COMEX).
A cotação do ouro é expressa em dólares americanos por onça troy (aproximadamente 31 gramas) e quando vendo o preço do ouro em Reais geralmente é uma conversão do valor em dólares.
Investindo em ouro através de corretoras internacionais
Uma maneira que pode ser considerada simples de se investir em ouro é através de corretoras de CFDs. Nessas plataformas você abre uma conta rapidamente e consegue comprar (e vender) ouro em poucos cliques.
Essas plataformas possuem um foco maior em traders que querem especular com movimentos de alta ou queda mas também podem ser utilizadas por quem quer fazer investimentos.
Investindo em ouro através de fundos
No Mercado internacional existem fundos listados em bolsas (ETFs) como GLD e o IAU que estão disponíveis para o investidor operar o metal.
Outra maneira de expôr às variações do ouro é através de fundos de investimentos que estão disponíveis em plataformas como a XP, BTG, Nubank/NuInvest, Banco Inter, Modal etc.
Existem tanto “fundos de investimento tradicionais” quantos fundos negociados em bolsa ETFs. Veja abaixo as principais características do ETF brasileiro com maior liquidez na B3
Trend ETF LBMA Ouro
Tipo de Ativo | ETF |
Código de Negociação | GOLD11 |
Código ISIN | BRGOLDCTF015 |
Spread Máximo | 0,40% / 0,80% / 1,20% |
Quantidade | 1.000 / 4.000 / 10.000 |
Lote-Padrão do Ativo | 1 |
Formador de Mercado | Credit Suisse (Brasil) S.A. CTVM |
Formador de Mercado Contratado | Sim, pela XP VISTA ASSET MANAGEMENT LTDA. |
Prazo do Contrato | 12 meses prorrogáveis por iguais períodos |
Início de Vigência do Contrato | 21/12/20 |
Início da atividade como Formador de Mercado | 21/12/20 |
Operando contrato futuro de ouro na B3
Nas Bolsas internacionais, o contrato futuro do ouro é negociado em relação à onça troy, já na B3 o ouro é negociado em Reais por grama.
Os contratos ofertados na B3 são:
- OZ1D – 249,75 gramas de ouro fino contido, correspondente a um lingote de 250 gramas de ouro com teor de pureza de 999,0 partes de ouro fino para cada 1.000 partes de metal.
- OZ2D – Lote fracionário de 9,99 gramas de ouro fino contido, correspondente a 10 gramas de ouro com teor de pureza de 999,0 gramas de ouro fino para cada 1.000 partes de metal.
- OZ3D – Lote fracionário de 0,225 gramas de ouro.
Veja abaixo as características do contrato OZ:
Objeto de negociação | Ouro fino, sob forma de lingote, fundido por empresa refinadora e custodiado em instituição depositária, ambas credenciadas. |
Código de negociação | OZ1 |
Tamanho do contrato | 250 gramas de ouro fino. |
Cotação | Reais por grama, com até três casas decimais. |
Variação mínima de apregoação | R$0,001. |
Lote padrão | 1 contrato. |
Último dia de negociação | Última sessão de negociação do mês anterior ao mês de vencimento. |
Data de vencimento | Última sessão de negociação do mês anterior ao mês de vencimento. |
Meses de vencimento | Todos os meses. |
Liquidação no vencimento | Física. |
Vale comentar que certamente você encontrará uma liquidez mais robusta no Mercado internacional do que operando o local na B3. Na B3, além da liquidez ser mais limitada, o operador terá problemas de spreads mais largos.
CURIOSIDADE: Em 2020, 1º ano da pandemia, o ouro foi o investimento com maior rentabilidade incluindo a valorização do dólar (+55,9%), contra +29% da moeda americana, +2,9% do Ibovespa, +2,8% do CDI e +2% da Poupança.
Qual a melhor maneira de comprar ouro?
Não existe “a melhor maneira” de comprar ouro. Todo tipo de exposição tem seus pontos positivos e negativos.
Se você quer outro como uma proteção contra o colapso do sistema financeiro, por exemplo, tem que comprar ouro físico e mantê-lo junto com você.
Se você busca uma forma de ganhar com flutuações positivas ou negativas do metal uma excelente opção são os CFDS.
No caso de estar procurando uma opção para investir no metal a longo prazo e com um baixo custo, talvez a melhor opção seja a utilização de ETFs.
Conclusões
Nesse artigo trouxemos uma visão geral sobre essa importante commoditie e explicamos um pouco dos fundamentos que movem seu preços.
Vimos também algumas formas de se expôr às suas variações de preços e as vantagens de cada uma delas.
E você, já investe em ouro? Conte suas experiências nos comentários!
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