Depois de uma tendência de alta de 18 meses no Dólar Americano, as perspectivas para o mercado de moedas ficaram menos claras. Mais ajustes de posicionamento podem gerar mais fraqueza no dólar no curto prazo, mas não acreditamos que por enquanto hajam condições para uma grande tendência de baixa no dólar. Na verdade, esperamos que o mercado de Forex em 2023 se caracterize por menos tendências e mais volatilidade.
O último trimestre de 2022 viu uma quebra na até então ordeira tendência de alta do dólar – uma tendência que fez a moeda se valorizar 5% por trimestre nos primeiros nove meses do ano. Esse rally do dólar foi majoritariamente guiado por um FED (banco central dos EUA) levando a política monetária para um território restritivo – uma tendência que só se exacerbou com a guerra da Ucrânia.
Para toda a discussão atual sobre o dólar fazer pico e um pico no pessimismo macro, acreditamos que ainda vale a pena examinar se as condições estarão presentes para que haja uma bem arranjada tendência de baixa do dólar em 2023. Acreditamos que não e esses são os motivos:
- Guiando a tendência de alta do dólar desde meados de 2021 esteve um FED que primeiro abandonou a meta de inflação média e então ficou correndo atrás da alta de inflação. Um call the de declínio do dólar em 2023 requer o FED assumindo o banco de passageiros; o que parece pouco provável. A dura mensagem tanto do simpósio de Jackson Hole quanto das reuniões do FMI foi de que bancos centrais deviam evitar relaxar muito cedo em sua batalha contra a inflação. Suspeitamos que é muito cedo para o FED parecer relaxado e março de 2023 talvez seja a primeira oportunidade para uma mudança de retórica do banco central norte americano.
- Enquanto um Fed mais suave possa ser uma condição para uma virada no dólar, uma outra condição suficiente é um ambiente econômico global atrativo o suficiente para tirar fundos do dólar (e da economia americana). Mas as previsões de crescimento global para 2023 ainda estão sendo cortadas – puxadas para baixo especialmente pela recessão na Europa.
- Um prêmio de liquidez vai ser necessário para as outras moedas. 2023 será o ano no qual bancos centrais inicialmente ainda estarão subindo taxas de juros até uma recessão e encolhendo seus balanços. O FED vai reduzir seu balanço por mais de 1 trilhão de dólares até 2024 e o Banco Central Europeu (ECB) também está mirando no “quantitative tightening” (que é esse “enxugamento”).
Reservas excedentes menores vão diminuir as condições de liquidez mais ainda e com isso aumentar os níveis de volatilidade das moedas. Novamente: a barra para não investir em depósitos em dólar permanece alta – especialmente quando esses depósitos em dólar começarem a pagar 5% de juros e o dólar mantem sua coroa como a moeda mais líquida do planeta.
O que essas tendências significam para os mercados de moedas? Isso provavelmente significa que o dólar pode ficar próximo das máximas ao invés de embarcar um uma clara tendência de baixa em 2023. Se o dólar virar substancialmente para baixo, nossa preferência está em moedas mais defensivas como o Iene Japonês e o Franco Suíço.
Aqui a correlação positiva entre mercado de títulos públicos (bonds) e ações (equities) pode ser quebrada com o mercado de bonds fazendo um rally à medida que tivermos umas recessão nos EUA e o FED comece uma política de afrouxamento. As previsões do ING para os yields dos treasuries de 10 anos ao final de 2023 é de 2,75% – nesse cenário o USD/JPY pode estar negociando abaixo de 130.
Recessão na Europa significa que o EUR/USD pode ficar num intervalo entre 0,95 e 1,05 por todo o ano; o medo de outra crise energética no inverno de 2023 e as incertezas ligadas à Ucrânia vão segurar o euro.
A Libra também deve se manter frágil enquanto o novo governo do Reino Unido tenta restaurar a credibilidade fiscal. Não conseguimos ver a libra se valorizando muito mais e suspeitamos que o par GBP/USD tenha dificuldades para ir acima de 1,25.

Como pode ser visto no gráfico acima, as “moedas de commodities” parecem sub-valorizadas contra o dólar numa visão fundamentalista. No entanto, se faz necessária uma estabilização no sentimento de risco para que esse “gap de má precificação” se feche.
Para o Dólar Australiano e Neo Zelandês, uma melhoria nas perspectivas de médio-prazo na China também é essencial, assim o Dólar Canadense pode emergir mais atrativo como uma aposta “pró-cíclica” dada a baixa exposição aos problemas econômicos da Europa e China.
Outro fator para se considerar é a profundidade da vindoura contração de preços do mercado imobiliário. Acreditamos que os bancos centrais vão cada vez mais levar isso em consideração e tentarão evitar uma queda descontrolada no setor de casas.
No entanto, esse é potencialmente um risco negativo considerável, especialmente para as moedas de países exportadores de commodities, que em geral exibem os mercados de imóveis mais sobre-valorizados dos países do G-10.
Para concluir, acreditamos que as tendências de preços nos mercados de moedas ficarão menos claras em 2023 e a volatilidade vai continuar subindo. Suspeitamento que a gestão de risco através de mercados de derivativos de moedas (opções e futuros) pode se tornar ainda popular em 2023.
Para se posicionar e capturar esse movimentos nos mercados de moedas no ano de 2023 nossa sugestão é abrir uma conta na XTB. Uma das plataformas mais fáceis e intuitivas. E você pode fazer seus depósitos utilizando PIX. Clique aqui e conheça.
Fonte do artigo: Think Ing
Deixe aqui seu comentário